sexta-feira, 23 de outubro de 2015

A Casa do Pipas


"Há na lareira uma brasa
que está a arder para ti.
Entra pois quando te apraza
que, para amigos da casa,
abrem-se as portas por si..."




Raramente me seduz fazer "urbex de habitação" mas esta casa sempre me despertou curiosidade! Fiquei surpreendido pela sua dimensão, vendo de fora é difícil adivinhar a riqueza desta propriedade com tantas divisões e anexos. Localizada em outrora sítio privilegiado da "cidade das tricanas", tem assistido impávida e serena ao rebuliço da cidade e à sua própria degradação. Todos os dias milhares de pessoas por ela passam e, tal como a um sem-abrigo, viram-lhe a cara. Outros, os amigos do alheio, trataram de destruir e saquear o que por lá encontraram. Pouco foi deixado para trás e pouco há a apreciar que não a arquitetura e três ou quatro pormenores que estão nesta publicação. Desconfio que por lá terá vivido alguma família aristocrata (provavelmente não terão sido os últimos a morar nela), dada a já referida dimensão e também alguns vestígios que encontrei. Na busca de informação, mais uma vez e como é hábito, nada de pertinente me saltou à vista. Não dou esse tempo por perdido, na leitura que me obrigo a fazer quando "investigo" estes edifícios cruzo-me sempre com "estórias" de outros tempos que me fazem aprender um pouco mais sobre este país que me é tão querido mas ao mesmo tempo tão ingrato. Espero que gostem...

















quarta-feira, 7 de outubro de 2015

A Aldeia do Busto

Esta aldeia é mágica, está perdida no espaço e no tempo... 

Tudo está abandonado excepto a pequena capela que vai sendo cuidada por alguns populares que se vão dando ao trabalho. De acordo com o que apurei nas minhas pesquisas, a localidade (na realidade são duas aldeias) estará ao abandono desde há 30 ou 40 anos. A única data que encontrei está inscrita no fontanário da aldeia e remete para a construção do mesmo pela mão da Câmara local em 1966. De resto, as estreitas "ruas" que a atravessam são também indicadoras dos longínquos anos em que ainda eram utilizadas.

Prostrada no cimo da serra, esta Aldeia do Busto (como lhe chamo aludindo à 3ª foto desta publicação) está a perder terreno para a natureza que, tarde ou cedo, reclama sempre o que é seu. O manto verde que invade as construções de xisto tem de novo maioria absoluta sobre a obra do homem. Não encontrei referências do porquê do abandono de uma localidade com tão formidável vista mas fazendo um exercício mental é fácil tirar conclusões e perceber que a excepcional vaga de emigração nos anos 60 (semelhante à de agora) somada à dificuldade de uma vida no topo da montanha terão sido, provavelmente, as razões para o desaparecimento dos seus residentes.

Está previsto um mega complexo "xpto" para este local que poderá recuperar as raízes deste local, só não sei se ambientalmente será a melhor solução nem se algum dia sairá do papel... 

Nesta crónica/reportagem ou wathever que lhe queiram chamar, a modalidade praticada é Rurbex e não Urbex! Rurbex, basicamente é a mesma coisa que urbex mas no meio rural, ou seja explorar locais abandonados em áreas não urbanas. Se a conseguirem encontrar, digo-vos desde já que a vista é fantástica e que o silêncio que por lá faz vai causar-vos uma estranha sensação de conforto!

P.S.: Desenganem-se se, quando viram o título deste post, achavam que tinham descoberto a aldeia natal do Busto (personagem do conimbricense Bruno Aleixo). :P