"Em 1886, é inaugurada na Pampilhosa a filial da Companhia Cerâmica das Devesas, sediada em Vila Nova de Gaia. A data provavél de fundação da sede é 1865 e teve como fundadores António Almeida da Costa e José Joaquim Teixeira Lopes (pai do escultor António Teixeira Lopes). Este ultimo foi desde sempre atribuida a responsabilidade artística e áquele ímpeto industrial, tanto que a fabrica foi sempre conhecida como fabrica do Costa. No entanto, os dois complementaram-se bem. A fabrica de Vila nova de Gaia teve uma importância primordial no panorama industrial português e desenvolveu-se rapidamente, tanto que de 210 operários em 1881 passa para 700 em 1889. Igualmente a evidenciar este engrandecimento da fábrica surge a filial na Pampilhosa, designada pela população por "fabrica velha" por ser a mais antiga, que logo em 1901 sofre alterações, tendo sido enriquecida com depósito e mostruário com secção de vendas. Isto sucedeu provavelmente como reacção á instalação da fabrica Mourão Teixeira Lopes & C.ª, fundada pelos antigos administradores da filial da Devesas.A fábrica da Devesas soube fundir admiravelmente a arte e a industria, produzindo todo tipo de cerâmica: para construção, decoração, saneamento, produtos de grés e estuque, trabalhos em ferro fundido e forjado, estatuária…No caso específico da Pampilhosa, não eram produzidos todos estes produtos, mas sim produtos feitos á base de cerâmica vermelha, refractária e grés, nomeadamente de construção. A José Joaquim Teixeira Lopes se ficou a dever a introdução da telha marselha, cujo uso se difundiu no país. Eram produzidas mais ou menos 5 mil telhas e 15 mil tijolos por hora. A priximidade dos barreiros e a abundância de matéria-prima contribuíam para este desenvolvimento. A proximidade do caminho-de-ferro, tanto na fábrica de Gaia como na Pampilhosa, não era aleatória. O escoamneto dos produtos e o transporte de matérias-primas era feito através deste meio de tranporte.
Por volta de 1903 surgem dois novos administradores na fábrica devido á saída de José Joaquim Teixeira Lopes e do sócio comercial de António Almeida da Costa, Feliciano Rodrigues da Rocha. Em 1913 parte da fábrica é consumida pelo fogo e António Almeida da Costa morre em 1915, o que acentua a decadência do complexo fabril. Os novos administradores foram incapazes de reverter este processo e a fábrica acabou por fechar.
Só na década de 20 é que a fábrica tomou novo fôlego com a administração de Raúl Mendes de Carvalho. Na filial da Pampilhosa foi colocado o seu filho, Albero Mendes de Carvalho. Porem esta nova administração não tinha a capacidade de inovação de outrora, nomeadamente no que diz respeito á criação artistica. Permaneceu a produção de produtos utilitários de grés, a telha e o tijolo (sobretudo o refractário, aplicado á industria) e algum azulejo. Nesta época, a Companhia vai previligiar a filial da Pampilhosa, pois a produção sempre fora mais barata e era um excelente local de recolha de barro. Produzia telha e tijolo, acessórios para telha, tijolos refractários, canalizações e artigos sanitários em grés. Alguma maquinaria foi transferida para aqui, o forno contínuo era muito utilizado e foram adquiridas nova máquinas nas décadas de 40 e 50. Na filial da Pampilhosa, na década de 40, exerciam aqui funções cerca de 150 trabalhadores. Na fase final, mais ou menos 50. A introdução de maquinaria (italiana e nacinal, provenientes da metalurgica Costa Néry de Torres Novas) fez com que no final se produzisse mais, embora houvesse menos trabalhadores. No topo da hierarquia estavam os directores, seguidos pelos escriturários (guarda livros).
Havia ainda os encarregados e os operários.
Em 1974 surge um projecto de ampliação e alongamento do forno contínuo de chama móvel tipo Hoffmann, assim como para instalação de secagem artificial. Na memória descritiva deste projecto aparece a descrição do prcesso de fabrico que a suguir se transcreve. Os barros, retirados dos próprios barreiros da fábrica, depois de descarregados passavam para um desterroador, caindo num transpotador que os levava a um laminador donde vão para um remolhador. Depois deste tratamento, que é chamado "prélaboração", os barros são conduzidos por meio de dois tranportadores para uma zona de armazem anexa, onde são espalhados e armazenados, tarefa esta designada de "ensilagem". Depois das semanas de repouso, são retomados com uma pá carregadora de pneus até á bateria de produção, onde são descarregados no doseador linear. Do doseador estes lotes de barro passam a um remolhador-amassador, a um laminador e entram na fieira, onde depois de passarem por grelhas, são submetidos á acção de vácuo, saindo depois pelo bocal que molda o filão no formato desejado. O filão é então cortado na respectiva mesa de corte. Depois de secos, os produtos são levados macânicamente para o forno e arrumados no seu interior ("enforma"). Após os produtos estarem cozidos, são tranportados para o parque ("desenforma"). Apesar deste novo fôlego, a fábrica acabou por encerrar na década de 80, por volta de 1985-86."
Sem comentários:
Enviar um comentário