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A Sociedade de Porcelanas de Coimbra foi fundada em
1922. No ano de 1936, alegadamente, devido a problemas económicos foi adquirida
em parceria pela Vista Alegre (Ilhavo) e pela Electro-Cerâmica do Candal (Gaia)
em cotas iguais. No final dos anos 40, a Vista Alegre adquire também a
Electro-Cerâmica do Candal, passando então a ser a única proprietária da
Sociedade de Porcelanas de Coimbra, passando a produzir na fábrica de Coimbra
as duas marcas nas suas peças.
Em 2005, após período conturbado entre a sua
administração, encerra tal como tantas outras fábricas deste ramo na região.
Esta fábrica é, talvez, a mais Conimbricense de
todas as que visitei. Digo isto porque se localiza em plena malha urbana da
cidade, entre a Portagem e a zona do Calhabé. Explorei-a em Maio deste ano, num
dia de muito calor em que contei com a companhia de uns quantos amigos. Fiquei
transtornado. Não raras vezes por lá tinha passado e reparado que havia roupa
estendida numa sala que se vislumbra desde a estrada. Mas, estes pequenos
indícios não me tinham preparado para o que lá encontrei. Deparei-me com
famílias de imigrantes, de leste suponho, a viverem no meio de toda esta
destruição. Estava eu a percorrer a fábrica metro a metro, disparo a disparo,
quando subitamente me encontrei literalmente dentro da casa destes cidadãos.
Sem qualquer tipo de condições vivem ali, numa miséria indescritível, talvez uma dezena de pessoas. Não estava à espera, já visitei fábricas e edificios
devolutos um pouco por todo o país e, apesar de frequentemente me deparar com
alguns "habitantes" destes locais, nunca tinha visto homens e
mulheres, novos e velhos a dividirem o mesmo tecto num sitio tão inóspito.
Talvez por isso, adiei durante tanto tempo este report. Espero que gostem mais
do resultado do que eu gostei de o registar...
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